O amor de avós e neto LGBTs que derreteu a internet
O que era pra ser só um embalo de sábado à noite acabou se tornando uma meta de relacionamento para muita gente. O vídeo de duas mulheres dançando agarradinhas ao som de “La Danza de los Mirlos”, música do grupo de cumbia peruana Los Mirlos, viralizou no Twitter no fim de semana.
Elas são Iani Costa, 68, e Margareth Medeiros, 59, e vivem na região metropolitana do Recife. As imagens são de Dante Olivier, 24, neto de Iani, e foram feitas no sábado (8). Até a publicação deste post, as imagens de apenas 10 segundos de duração já haviam sido curtidas por 100 mil usuários e vistas mais de 1 milhão de vezes.
O neto subiu o vídeo na internet sem que a avó soubesse. Ainda assim, a reação dela foi positiva. “Tá sendo revigorante, deu uma acordada, uma sensação gostosa. Tá bombando, tô viva”, reage a artesã.
Além das cenas explícitas de afeto, o vídeo surpreende por mostrar alguns segundos da intimidade de duas mulheres mais velhas, uma delas classificada pela sociedade como idosa, e que se amam. O relacionamento dura 11 anos.
“Foi acontecendo. Eu não tava focada nisso, era uma colega de trabalho. Fomos pra frente”, relembra Iani. “Aí, comecei a conviver com a minha gatinha”.
Antes deste relacionamento, Iani foi casada por 26 anos, teve dois filhos e três netos. “Na minha época de casada, os conceitos eram outros. Meu pai era aqueles ‘saiu da minha batuta, vai pra batuta do marido’ e eu casei com um marido assim, ditador. Eu nao era eu. Hoje eu sou eu. Talvez por isso eu seja mais feliz”, diz Iani.
“Hoje eu vivo o domingo da vida. Para mim, todo dia é domingo”, comemora.
Mas a “bomba LGBT na família” é Dante, não Iani. Ele é um homem trans. Aos 15 anos, ainda se apresentando como uma mulher cisgênero, ele foi descoberto namorando uma garota. “Foi muito difícil pra todo mundo, mas me sinto muito privilegiado de viver na família que eu tô. Aos poucos, esses assuntos foram sendo mais abordados e compreendidos”, diz o neto.
“A minha filha, mãe do Dante, nunca puxou assunto sobre sexualidade. Mas sempre foi uma coisa muito visível, porque o amor está nos olhos”, filosofa Iani. Já o outro filho, tio de Dante, participa um pouco mais da rotina da mãe. “Ele chama a Margareth de Madrecita”, comemora.
Confidentes, avó e neto LGBTs celebram juntos os afetos. “O amor é lindo. Independentemente da forma, o importante é amar. Quanto mais a gente ama, mais a gente é saudável, alegre. A gente é mais”, complementa Iani.
“Eu to acostumado a entrar nas redes sociais pra ver vídeos que melhoram meu dia e pra mim foi gostoso ter postado um vídeo que melhorou a vida das pessoas”, diz Dante.