Deve ser um inferno ser LGBTfóbico
Os dias têm sido difíceis para os homofóbicos. Fiquei por alguns minutos olhando as fotos do casamento da Mulher Pepita. Ela estava toda de branco, emocionada, feliz. Talvez muitos homofóbicos tenham perdido também alguns minutos vendo essa foto, espumando sentimentos menos nobres do que os meus.
É que não há dia santo dia que alguém não ladre impropérios contra a comunidade LGBT. Mais recentemente foram os religiosos André e Ana Paula Valadão, pastores da Igreja Batista da Lagoinha, que voltaram ao noticiário com declarações antigas e recentes contra lésbicas, gays, bissexuais e trans.
Homofóbicos tratam “os gays” como se fossem pessoas que não pudessem sentar no mesmo banco de igreja que eles, não pudessem fazer uma prece ao mesmo Deus que o deles, não pudessem organizar um casamento.
Para os homofóbicos, “os gays” estão sempre lá, longe. Na festa fechada, na sauna, no bar lésbico, na boate, dançando em cima de um balcão. A péssima notícia (para os homofóbicos) é que LGBTs também podem frequentar igrejas, fazer orações, casar de branco, morar num prédio de alto padrão e até fazer a gentileza de segurar a porta do elevador.
Seria inocente não pontuar que o discurso de ódio vira ato de ódio. Quando eu vejo as fotos do casamento de Pepita penso imediatamente em Dandara dos Santos, travesti moradora de Fortaleza. O discurso de ódio a espancou, a cultura do ódio a assassinou, em 2017. Será que Dandara algum dia sonhou em se casar?
Pepita sonhou. E realizou. O discurso de ódio que assassinou Dandara não impediu que Pepita se casasse, fosse feliz. E isso não deve fazer sentido para um propagador de ódio e intolerância.
É horrível ser vítima de LGBTfobia. Mas parece que ser LGBTfóbico tem sido um inferno.