Online, festival Mix Literário mergulha nas camadas da diversidade
A 3ª edição do festival Mix Literário, um dos braços do festival Mix Brasil, será online, como tem ocorrido com boa parte de eventos recorrentes no calendário, por causa da pandemia do novo coronavírus.
O clima apocalíptico, com a chegada da Covid-19 ao Brasil, e agora distópico, com o “novo normal” imposto pelo distanciamento social, não são exatamente uma surpresa para alguns escritores LGBTQIA+, na opinião do curador do evento, Alexandre Rabelo. “Isso traz quase um caráter profético para nossa comunidade, não é à toa que nos últimos anos muitos autores queer ou minoritários pensaram a questão do fim do mundo e das distopias, temas que também iremos abordar em nossos encontros”, diz.
Os efeitos da pandemia, as discussões sobre violências e um olhar para o conservadorismo serão pauta de uma mesa que discutirá saúde mental. No entanto, o diferencial das discussões literárias do evento está no mergulho em camadas da diversidade que muitas vezes ficam à margem da própria comunidade LGBT.
“Se hoje falamos alguma coisa sobre transexualidade no meio literário e nas mídias, ainda falamos quase nada sobre narrativas transmasculinas, pauta que nos permite pensar a possibilidade de algum tipo de masculinidade que não seja tóxica. A emergência de livros escritos por pessoas não-binárias também gera uma resposta estética que acolhe muito bem as contradições e ri das polarizações”, pontua Rabelo.
O evento lança um olhar para discussões emergentes, como publicações da teoria queer e obras de LGBTs na condição de refugiados, e para o florescimento de uma nova safra de publicações de escritores de estados do nordeste.
Os vídeos das conversas serão disponibilizados gratuitamente entre os dias 11 e 22 de novembro no site do Mix Brasil. No final do ano, ficarão disponíveis no canal da Biblioteca Mário de Andrade. Colaboram na curadoria Natalia Borges Polesso e Marcelo Ariel. A Assistência é de Alexandre Willer.
Prêmios literários
Neste ano o prêmio Mix Literário entregará o troféu Coelho de Prata para alguma obra publicada em livro físico entre outubro de 2019 e setembro de 2020, cuja narrativa se relacione a vivências e questões específicas da comunidade LGBTQIA+. Em 2020, a organização abriu inscrições para autores publicados em todos os países de língua portuguesa.
A novidade desta edição é o prêmio Caio Fernando Abreu de Literatura, destinado à publicação em livro de uma obra literária inédita que tenha como foco a diversidade. A ação é uma parceria com a editora Reformatório.
Confira abaixo a programação:
Transmasculinidades em pauta e livro
Com Luiz Fernando Prado Uchoa e Jordhan Lessa
Mediação Alexandre Willer
Distopias queer brasileiras, desviantes no fim do mundo
Com Luisa Geisler, Wallace Ramos
Mediação de Alexandre Willer
Dissidências queer na literatura francesa e a liberalização dos costumes
Com Ricardo Lisias, Marcelo Ariel e Maurício Salles Vasconcelos
Mediação de Alexandre Rabelo
Narrativas antiajuda: saúde mental na literatura queer
Com Natalia Borges Polesso, Francisco Malmann, Mike Sullivan
Mediação de Maya Falks
Djuna Barnes para além das divisões binárias
Com Beatriz Regina Guimarães Barbosa
Mediação de Alexandre Rabelo
Audre Lorde no Brasil
Com Tatiana Nascimento e Cidinha da Silva
Mediação de Alexandre Rabelo
Olhares queer nordestinos
Com Jarid Arraes, Itamar Vieira Junior, Marco Severo
Mediação de Alexandre Rabelo
A emergência de publicações da teoria queer
Com Helena Vieira
Mediação de Paulo Salvetti
Poesia queer transmidiática
Com Bobby Baq e Arthur Moura Campos
Mediação de Alexandre Rabelo
Printemps Littéraire: Refugiados e o livro como resistência
Com Leonardo Tonus
Mediação de Alexandre Rabelo