A terceira via branca, rica e heterossexual
A Folha mostrou no sábado que o ex-ministro Sérgio Moro e o apresentador de televisão Luciano Huck se encontraram em Curitiba para definir uma aliança “de centro” em 2022.
As conversas são iniciais, mas já dignas de divulgação por parte da imprensa. E, nessa fase inicial, mais importante do que o conteúdo é a forma. E, bem, na forma tudo parece igual.
A terceira via política já nasceu velha, com a mesma cara da dominação branca e europeia de 500 anos atrás, igualzinha à Faria Lima, com os mesmos trejeitos de Alto de Pinheiros, o Leblon cuspido e escarrado, praticamente o Batel.
E os nomes que já orbitam o pretenso caminho do meio da polarização são o do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, o governador de São Paulo, João Doria, e o do ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta. Nada de novo no horizonte.
Nos Estados Unidos, Joe Biden –também pouquíssimo novo– entendeu o recado dos novos tempos e se elegeu com Kamala Harris como vice. Uma mulher negra e descendente de asiáticos. Em seu primeiro discurso como presidente, Biden fez acenos a latinos, negros e LGBTs. Acertou na forma. A ver o conteúdo.
Se quiserem fazer frente ao bolsonarismo e ao lulismo, Moro, Huck e companhia vão precisar de mais do que só a promessas de uma agenda econômica liberal e de luta contra a corrupção. Precisarão se cercar de LGBTs, entender os gargalos do combate à violência de gênero, valorizar a ciência e sacar os porquês de a fome, a peste e a morte estarem sempre à espreita dos pretos e pobres do país.