Diadorim: nova agência de notícias coloca LGBTs no centro do debate
Num Brasil que respirava ares da repressão entre as décadas de 70 e 80, circulavam a plenos pulmões publicações independentes da grande imprensa voltadas ao público LGBT como Lampião da Esquina e Chanacomchana.
Em 2021, em dias em que o ar parece irrespirável, uma nova publicação alternativa coloca de novo a população LGBT no centro do debate. Desta vez, de forma virtual.
Desde segunda-feira (11) está no ar o site da agência de notícias Diadorim. “Temos alguns pilares que pretendemos focar: diversidade gênero, direitos, representatividade. A ideia é tentar promover e garantir direitos e denunciar preconceitos”, resume Camilla Figueiredo, repórter da Diadorim.
Assim como ela, os demais nomes do quadro fixo do site (os jornalistas Allan Nascimento e Mateus Araújo, o advogado Paulo Malvezzi e o designer Tomaz Alencar) são voluntários.
No futuro, a ideia é ter o apoio de financiadores para que microbolsas de jornalismo sejam oferecidas a repórteres LGBTs, sobretudo os que não pertencem dos eixos Rio-São Paulo e branco-cisgênero. “A equipa [fixa] ainda não é tão diversa. Não tem pessoas trans nem negras na equipe. Mas nosso objetivo é ampliar essa voz”, projeta a jornalista.
A ideia da criação da agência surgiu durante as aulas do curso de história do movimento LGBT no Brasil do professor e advogado Renan Quinalha. O ativista, aliás, assina um artigo de opinião no site sobre o significado da epidemia de HIV/Aids para a comunidade LGBT.
Há ainda reportagens sobre a ausência de dados oficiais sobre crimes de homotransfobia no Brasil e uma entrevista com o escritor João Silvério Trevisan, um dos principais nomes da literatura LGBT do Brasil e um dos fundadores do jornal Lampião da Esquina.
O nome Diadorim é referência à personagem do livro “Grande Sertão: Veredas”, de João Guimarães Rosa, tido como um dos símbolos LGBT+ na literatura brasileira.