Podcast desvenda os caminhos e os descaminhos de LGBTs em São Paulo
As linhas que dividem espaços no mundo são mais do que traços imaginários. Atravessar uma fronteira, divisa ou limite pode significar mais ou menos oportunidades, mais ou menos respeito, mais ou menos comida na barriga.
Por décadas, passar para dentro das linhas que delimitam a cidade de São Paulo representou ter mais oportunidades de trabalho. Mas, especificamente para LGBTs, a cidade tem outro significado: é um espaço de libertação.
“A cidade [de São Paulo] se apresenta como uma ilha de possibilidades de vida e de exercício de identidades”, descreve Bruno O., um dos responsáveis pelo podcast Passagem Só de Ida, com 8 episódios publicados nas principais plataformas.
A produção é uma parceria da Casa 1, centro de cultura e acolhimento de LGBTs no centro da capital paulista, e do Acervo Bajubá com o apoio da Rede de Mulheres Imigrantes Lésbicas e Bissexuais de São Paulo, e pretende ser um documento das memórias de LGBTs que escolheram ou foram escolhidos pela capital paulista.
O desafio de cada um dos episódios é ir além do fantasma que ronda LGBTs dentro e fora de São Paulo: a LGBTfobia. “Tomamos como partido o reconhecimento das pessoas entrevistadas como agentes de suas histórias, optando por não ocultar relatos de violência mas exercitar a produção de outras narrativas a partir delas”, descreve Bruno.
O podcast tem relatos como o do jornalista Jurandy Valença, que, aos 21 anos, deixou Maceió para morar com a poeta Hilda Hilst na famosa Casa do Sol, no interior do estado. Outro episódio que vale a escuta é o que traz as histórias de Lufer, peruana que se encantou com a liberdade, a arte e as bundas dos brasileiros.
A produção do programa começou no segundo semestre de 2020, com uma equipe de pesquisadores de São Paulo, Bahia, Rio Grande do Norte e Paraná, e foi inteiramente executada de forma virtual.