Vamos ser viados pra sempre?

Renan Sukevicius

No episódio 28 do programa Vai Que Cola, do canal Multishow, Paulo Gustavo, na pele da personagem Bicha Bichérrima, e Marcus Majella, como Ferdinando, gritaram uma frase aparentemente boba, mas que uma porção de LGBTs mundo afora sequer imagina ter a segurança de gritar também. “Vamos ser viados pra sempre?”.

Paulo Gustavo, morto nesta terça-feira (4), no Rio de Janeiro, aos 42 anos, levou multidões ao teatro (quantos estiveram pela primeira vez numa plateia por causa dele?), lotou salas de cinema e explodiu na televisão.

Lá, na fábrica de sonhos, o ator mostrou que o sonho de ser gay e aceito pela mãe pode ser real; na vida pessoal, testemunhou que o sonho de LGBTs de formarem uma família é possível também, exige principalmente amor.

Levantando a voz apenas para fazer rir, Paulo Gustavo normalizou a existência LGBT e os relacionamentos homoafetivos rompendo muros como quem escava uma rocha em busca de pedras preciosas.

Por muitas vezes foi criticado por interpretar bichas escandalosas e de, mesmo sem querer, reduzir a chacota o jeito de ser gay. É que quando não riem de nós, podem rir para nós, Paulo sacou que esse era um caminho. Como a gargalhada era certa, tanto fazia. Paulo aproveitou para gritar que queria ser viado pra sempre. E assim será.