Não é opinião, é homofobia

Ezequiel Bechara/AFP
Renan Sukevicius

Na maior crise sanitária do século, parte da classe artística gasta energia para vociferar preconceito contra LGBTs. Na bolha do Twitter, talvez Caio Castro, com suas sofríveis atuações na televisão, a ex-bbb e pretensa apresentadora Rafa Kalimann e Patrícia Abravanel, com seu mal ajambrado programa matinal, não sejam relevantes. Mas são.

Têm milhares de seguidores nas redes, estão em programas nas maiores redes de televisão do país e são modelo de beleza e sucesso para muitos jovens. Mesmo com esse rojão de responsabilidade nas mãos, preferem lutar pelo direito de serem preconceituosos enquanto a Covid-19 faz duas mil vítimas todo dia no Brasil.

Eles não são os únicos a desviar do tema mais pontiagudo de nossos dias. Nas redes sociais, há quem clame por posicionamentos de astros e estrelas brasileiros em favor de vacinas e contra medidas descabidas do governo e falas alucinadas do presidente da República. 

O tempo das lives para nos fazer esquecer fugir do tédio dos primeiros meses da quarentena sem prazo para acabar já passou, meus caros. Os Estados Unidos mostraram que é possível retomar a vida quando se compra vacinas. Israel demonstrou que é possível pisar lá fora com segurança se tiver vacina no braço. O estudo de Serrana, aqui do Brasil, evidenciou que as vacinas funcionam, diminuem internações e mortes e não reduzem a existência humana à forma de qualquer réptil que seja. 

E quanto a nós? Quando teremos vacina no braço? Quantos de nós ainda vão morrer de uma doença para qual já há vacina? 

Patrícia Abravanel, em seu programa, ao defender as postagens homofóbicas de Caio Castro, debochou da sigla LGBTQIA+ e disse ser difícil explicar aos filhos como se dão relações homoafetivas.

Patrícia, Rafa, Caio e demais artistas semi-deuses: como se explica ao país que num dos momentos mais tristes de sua história, os senhores estavam dedicados a opinar sobre a vida sexual e afetiva alheia?