Um trem correndo depressa
Um dos lugares mais públicos que São Paulo pode ter, o metrô foi palco de um pedido de casamento entre dois rapazes neste domingo (21).
A dinâmica do ato romântico foi combinada com a equipe da ViaQuatro, empresa que administra a linha 4-Amarela, ligação por trilhos entre o Morumbi, na zona oeste, e a Luz, no centro.
A operação dos trens não foi afetada. Os vagões usados para a cena, na plataforma 2 da Luz, estavam fora de operação e parados. Mas, de certa forma, corriam velozes, simbolicamente, rumo a alguma igualdade.
“Fazer esse pedido aqui é muito mais do que estar num lugar diferente. É um lugar em que a gente pode publicizar o amor, publicizar a livre expressão de ser quem nós somos. É o símbolo de não estar parado, de seguir em frente”, disse o bailarino Maércio Maia, noivo que organizou a surpresa.
Além do casal, estavam na composição amigos e familiares. Para muitos deles, era o primeiro reencontro desde a pandemia de Covid-19.
Inclusive, dois amigos em comum foram os cupidos do casal. O primeiro passo do relacionamento se deu numa conversa pelas redes sociais. Uma semana depois, os dois marcaram um café. E em 15 dias eles já estavam juntos.
Durante o isolamento social passaram a dividir o mesmo teto. Já são três anos de união. “Se sobrevivemos à pandemia, é pra sempre”, conclui Maércio Maia, aos risos.
Quando o jornalista Renato Lobo, apaixonado por mobilidade e noivo surpreendido, entrou no trem, as portas foram fechadas. E um operador do Metrô deu boas vindas a ele, prometendo “uma viagem especial”.
Como o trem estava parado em uma plataforma curva, Lobo não percebeu quando o noivo, Maia, amigos e familiares foram se aproximando, já bastante emocionados, por conta da tensão e ao som de “Poema Azul”, na voz da cantora Maria Bethânia, ecoando pelo sistema de som.
“Que a vida nos faça perceber o que de fato a vida é. Que o tempo e ela própria nos apontem que a vida é o que fazemos dela, o fruto de uma constância de ser e estar em companhia”, disse Maércio Maia no pedido, que terminou em um aguardado sim, numa viagem do nada para o lugar nenhum, em que os noivos estavam cercados pelos melhores passageiros que poderiam ter.