Todas as Letras https://todasasletras.blogfolha.uol.com.br Diversidade afetiva, sexual e de gênero Wed, 01 Dec 2021 18:54:07 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Em podcast sobre cultura pop, gays discutem também questões geracionais https://todasasletras.blogfolha.uol.com.br/2020/07/31/em-podcast-sobre-cultura-pop-gays-discutem-tambem-questoes-geracionais/ https://todasasletras.blogfolha.uol.com.br/2020/07/31/em-podcast-sobre-cultura-pop-gays-discutem-tambem-questoes-geracionais/#respond Fri, 31 Jul 2020 19:54:07 +0000 https://todasasletras.blogfolha.uol.com.br/files/2020/07/eaigaypodcast-300x215.jpg https://todasasletras.blogfolha.uol.com.br/?p=164 Foi durante os intervalos da gravação de outro podcast, o ‘Estamos Bem?’, que os jornalistas Thiago Theodoro, 38, apresentador, e Felipe Dantas, 27, editor de som, perceberam que apesar de serem homens gays, brancos, cisgênero e moradores de São Paulo, havia grandes diferenças entre eles. E o ano de nascimento de cada um poderia ser a resposta para essa percepção.

Quando a vivência gay era pauta das conversas de bastidor, a década que os separa parecia um abismo. “A gente começou a aprender um com outro sobre coisas distintas. O Dantas falou que poderia ter um bom embate”, relembra Theodoro, que trabalha há 15 anos no segmento “teen”, com parte deste tempo dedicado à revista Capricho, onde foi editor-chefe.

“É tipo quando a Madonna gravou com a Britney, sabe?”, brinca sobre a parceria que acabou na criação do programa ‘E aí, gay?’, disponível em todas as plataformas, com 17 edições publicadas e mais de 80 mil plays.

“Era impensável a gente ter as discussões que temos hoje, falando sobre LGBTs, sobre diversidade, sobre o que é ser não-binário, sobre transexuais. A gente [jornalista] foi batendo na porta, forçando a pauta. O jornalismo está correndo atrás”, analisa Theodoro.

Parte do atraso das discussões na imprensa sobre diversidade pode ser creditada ao medo de represálias das mais variadas ordens que jornalistas têm ao assinar estes trabalhos. Theodoro lembra de quando foi convidado, anos atrás, para escrever uma “coluna gay” numa revista e “todos os diretores disseram pra não aceitar, porque isso acabaria com a minha carreira”, relembra.

“É uma saída do armário”, classifica o jornalista, sobre poder levar ao ar, anos depois, um programa chamado ‘E aí, gay?’, ainda que sua orientação sexual já seja de conhecimento de familiares, amigos e colegas de trabalho.

Ainda assim, Theodoro e Dantas reconhecem o espaço de privilégio que têm, sobretudo diante das outras letras da sigla LGBTQIA+. “A gente se coloca nesse lugar quando vai fazer qualquer coisa. E questionar nosso lugar é uma novidade. Era pra gente estar fazendo isso há muito tempo”.

Para diversificar os episódios, os apresentadores tentam buscar fontes que tenham lugar de fala, como no episódio sobre falta de privacidade da comunidade LGBTQIA+.

“Mas, no fim do dia, são dois homens gays, brancos e cisgênero no podcast. Eles têm algo a acrescentar à discussão? Estamos descobrindo se sim ou se não”, finaliza o apresentador.

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Fake news, condenação e divórcio: o último ano de mandato do primeiro prefeito gay do Brasil https://todasasletras.blogfolha.uol.com.br/2020/02/11/fake-news-condenacao-e-divorcio-o-ultimo-ano-de-mandato-do-primeiro-prefeito-gay-do-brasil/ https://todasasletras.blogfolha.uol.com.br/2020/02/11/fake-news-condenacao-e-divorcio-o-ultimo-ano-de-mandato-do-primeiro-prefeito-gay-do-brasil/#respond Tue, 11 Feb 2020 16:43:26 +0000 https://todasasletras.blogfolha.uol.com.br/files/2020/02/75341253_2680555765299934_1620041262956544000_o-300x215.jpg https://todasasletras.blogfolha.uol.com.br/?p=55 A entrevista com o prefeito de Lins, no interior de São Paulo, ao blog estava marcada para 11h30, por telefone. No horário combinado, liguei. Bruna, sua secretária, atendeu e me avisou que Edgar de Souza (PSDB) estava em uma emergência e não poderia falar naquele horário. 

O marido de uma das secretárias do município havia passado mal, e o prefeito foi até o hospital onde o homem estava internado. Em pouco tempo, me prometeu Bruna, Souza me atenderia. “Aqui é interior, é rapidinho mesmo”, me garantiu.

A ida ao hospital e a entrevista eram dois dos compromissos do tucano no dia. Administrar as repercussões de notícias (verdadeiras e, principalmente, falsas) sobre ele e sobre sua gestão é também uma outra tarefa de sua rotina e, assim como a ida ao hospital, acontece sem aviso prévio, basta uma mensagem no WhatsApp viralizar.

No dia 18 de janeiro, o prefeito fez um post em sua página no Facebook negando ser ele em uma conversa em áudio que circulou entre moradores da cidade sobre a instalação de radares de trânsito. Na rede social, Souza afirmou que entraria com uma ação por calúnia, injúria e difamação contra quem repassasse o conteúdo.

A publicação gerou comentários favoráveis e contrários. Mas um deles era uma ameaça. “Quero ver processar, eu ainda quebro a cara dele”, relembra Souza, que, ao ler a mensagem, respondeu que estava fazendo um boletim de ocorrência contra o usuário do perfil que o ameaçou.

Reconhecendo, mais tarde, que agiu de forma impulsiva, o político escreveu também que aguardava o homem que o ameaçou até as 18h na sede da prefeitura.”Queria que ele viesse quebrar a minha cara”, conta. “Tem uma hora que enche o saco, vai cansando. [As pessoas] acham que podem resolver intimidando. [Fazem isso] com mulher, com gay”.

O agressor não apareceu.

Uma tv local questionou o prefeito sobre o post, e sua resposta viralizou. “Se eu tivesse medo de homem, não dormia com um”, retrucou. Veja no vídeo abaixo:

Não é um segredo para os linenses a sexualidade de Souza, no segundo mandato seguido como prefeito. A internet, no entanto, desconhecia. O tucano já havia aparecido na imprensa nacional em 2017, quando se casou com um empresário da cidade, em uma festa para 300 convidados.

O matrimônio, me contou na conversa por telefone, terminou. Mas Souza vive um novo relacionamento, também de conhecimento público. E foi justamente uma paixão que o tirou do armário, no começo de sua vida pública, do primeiro para o segundo mandato como vereador. “Era uma tortura [não poder se assumir]”, relembra. Edgar de Souza é considerado o primeiro prefeito assumidamente gay a ser eleito no Brasil.

Mas, à exceção dos boletins de ocorrência registrados por difamação (15, no últimos dois anos, dos quais oito resultaram em retratação), o prefeito se preocupa mesmo com problemas bastante corriqueiros da vida política. Está parado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) um recurso de sua defesa em uma condenação por abuso de poder político.

Souza e seu vice, Carlinhos Daher, tiveram os diplomas cassados durante a campanha de 2016. Se os recursos se esgotarem, ambos podem ficar inelegíveis por oito anos. “Eu não trabalho com a possibilidade de ficar inelegível”, afirma o prefeito de Lins, que prospecta sair candidato a deputado estadual ou federal em 2022.

 

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