Todas as Letras https://todasasletras.blogfolha.uol.com.br Diversidade afetiva, sexual e de gênero Wed, 01 Dec 2021 18:54:07 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Diadorim: nova agência de notícias coloca LGBTs no centro do debate https://todasasletras.blogfolha.uol.com.br/2021/01/11/diadorim-nova-agencia-de-noticias-coloca-lgbts-no-centro-do-debate/ https://todasasletras.blogfolha.uol.com.br/2021/01/11/diadorim-nova-agencia-de-noticias-coloca-lgbts-no-centro-do-debate/#respond Tue, 12 Jan 2021 00:51:43 +0000 https://todasasletras.blogfolha.uol.com.br/files/2021/01/diadorim-300x215.jpg https://todasasletras.blogfolha.uol.com.br/?p=293 Num Brasil que respirava ares da repressão entre as décadas de 70 e 80, circulavam a plenos pulmões publicações independentes da grande imprensa voltadas ao público LGBT como Lampião da Esquina e Chanacomchana

Em 2021, em dias em que o ar parece irrespirável, uma nova publicação alternativa coloca de novo a população LGBT no centro do debate. Desta vez, de forma virtual.

Desde segunda-feira (11) está no ar o site da agência de notícias Diadorim. “Temos alguns pilares que pretendemos focar: diversidade gênero, direitos, representatividade. A ideia é tentar promover e garantir direitos e denunciar preconceitos”, resume Camilla Figueiredo, repórter da Diadorim.

Assim como ela, os demais nomes do quadro fixo do site (os jornalistas Allan Nascimento e Mateus Araújo, o advogado Paulo Malvezzi e o designer Tomaz Alencar) são voluntários. 

No futuro, a ideia é ter o apoio de financiadores para que microbolsas de jornalismo sejam oferecidas a repórteres LGBTs, sobretudo os que não pertencem dos eixos Rio-São Paulo e branco-cisgênero. “A equipa [fixa] ainda não é tão diversa. Não tem pessoas trans nem negras na equipe. Mas nosso objetivo é ampliar essa voz”, projeta a jornalista.

A ideia da criação da agência surgiu durante as aulas do curso de história do movimento LGBT no Brasil do professor e advogado Renan Quinalha. O ativista, aliás, assina um artigo de opinião no site sobre o significado da epidemia de HIV/Aids para a comunidade LGBT.

Há ainda reportagens sobre a ausência de dados oficiais sobre crimes de homotransfobia no Brasil e uma entrevista com o escritor João Silvério Trevisan, um dos principais nomes da literatura LGBT do Brasil e um dos fundadores do jornal Lampião da Esquina. 

O nome Diadorim é referência à personagem do livro “Grande Sertão: Veredas”, de João Guimarães Rosa, tido como um dos símbolos LGBT+ na literatura brasileira.

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A terceira via branca, rica e heterossexual https://todasasletras.blogfolha.uol.com.br/2020/11/09/a-terceira-via-branca-rica-e-heterossexual/ https://todasasletras.blogfolha.uol.com.br/2020/11/09/a-terceira-via-branca-rica-e-heterossexual/#respond Mon, 09 Nov 2020 16:13:16 +0000 https://todasasletras.blogfolha.uol.com.br/files/2020/11/Design-sem-nome-300x215.jpg https://todasasletras.blogfolha.uol.com.br/?p=281  

A Folha mostrou no sábado que o ex-ministro Sérgio Moro e o apresentador de televisão Luciano Huck se encontraram em Curitiba para definir uma aliança “de centro” em 2022. 

As conversas são iniciais, mas já dignas de divulgação por parte da imprensa. E, nessa fase inicial, mais importante do que o conteúdo é a forma. E, bem, na forma tudo parece igual.

A terceira via política já nasceu velha, com a mesma cara da dominação branca e europeia de 500 anos atrás, igualzinha à Faria Lima, com os mesmos trejeitos de Alto de Pinheiros, o Leblon cuspido e escarrado, praticamente o Batel.

E os nomes que já orbitam o pretenso caminho do meio da polarização são o do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, o governador de São Paulo, João Doria, e o do ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta. Nada de novo no horizonte.

Nos Estados Unidos, Joe Biden –também pouquíssimo novo– entendeu o recado dos novos tempos e se elegeu com Kamala Harris como vice. Uma mulher negra e descendente de asiáticos. Em seu primeiro discurso como presidente, Biden fez acenos a latinos, negros e LGBTs. Acertou na forma. A ver o conteúdo.

Joe Biden e Kamala Harris – reprodução/Twitter

Se quiserem fazer frente ao bolsonarismo e ao lulismo, Moro, Huck e companhia vão precisar de mais do que só a promessas de uma agenda econômica liberal e de luta contra a corrupção. Precisarão se cercar de LGBTs, entender os gargalos do combate à violência de gênero, valorizar a ciência e sacar os porquês de a fome, a peste e a morte estarem sempre à espreita dos pretos e pobres do país.

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Coletivo discute o ontem e o hoje da vivência lésbica no Brasil https://todasasletras.blogfolha.uol.com.br/2020/08/19/coletivo-discute-o-ontem-e-o-hoje-da-vivencia-lesbica-no-brasil/ https://todasasletras.blogfolha.uol.com.br/2020/08/19/coletivo-discute-o-ontem-e-o-hoje-da-vivencia-lesbica-no-brasil/#respond Wed, 19 Aug 2020 15:54:12 +0000 https://todasasletras.blogfolha.uol.com.br/files/2020/08/Design-sem-nome-300x215.png https://todasasletras.blogfolha.uol.com.br/?p=221 Há 37 anos, mulheres lésbicas deram um basta aos recorrentes atos discriminatórios que sofriam no bar Ferro’s, ponto de encontro de parte da comunidade LGBT, no centro de São Paulo. 

O ato ficou conhecido como “stonewall brasileiro”, ainda que não tenha usado de violência, como ocorreu no bar Stonewall Inn, em Nova York. O levante, com leitura de manifesto e participação de políticos e grupos feministas, virou um marco da luta das mulheres que amam mulheres.

Com esse olhar histórico, o coletivo Cine Sapatão, que organiza exibições de filmes e discussões, vai reunir virtualmente pesquisadoras e ativistas para debater o ontem e o hoje da vivência lésbica no Brasil. O evento “(A)gosto das Lésbicas” terá ao todo cinco mesas, de 20 a 28 de agosto, com transmissão pela página do Facebook do Cine Sapatão.

O projeto tem apoio do Clube Lesbos, da Revista Alternativa L e da Editora Palavra Expressões e Letras (PEL). A participação das lésbicas na imprensa, no audiovisual e na ditadura militar brasileira serão alguns dos temas abordados.

O evento é aberto a todas as letras da sigla. Confira a programação:

20 de agosto – 20h30

Histórico da Imprensa Lésbica brasileira 

Paula Silveira-Barbosa (UEPG); Sheila Costa (Revista Alternativa L); mediação: Paula Curi 

 

22 de agosto – 17h30 

Lésbicas e ditadura militar 

Julia Kumpera (Unicamp); Hanna Korich (Editora Brejeira Malagueta); Fanny Spina (UFSC); mediação: Augusta Oliveira (Brown University).

 

23 de agosto – 13h00 

Origens do Orgulho e da Visibilidade Lésbica 

Camila Diane (UFSC); Rosângela Castro (Grupo Felipa de Sousa/ABL); mediação: Letícia Emília Batista (PUC-SP).

 

24 de agosto – 19h30 

Lésbicas negras no cinema 

Naira Évine (UFF); Sil Takazaki (UFSC); Nayla Guerra (Cine Sapatão); mediação: Vitória Bredoff – Cine Sapatão.

 

28 de agosto – 19h00

Lésbicas pesquisadoras: perspectivas e desafios 

Maria Helena Lenzi (UFSC); Suane Soares (UFRJ); mediação: Fanny Spina França (UFSC).

 

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As zonas livres de LGBTs na Polônia https://todasasletras.blogfolha.uol.com.br/2020/08/03/as-zonas-livres-de-lgbts-na-polonia/ https://todasasletras.blogfolha.uol.com.br/2020/08/03/as-zonas-livres-de-lgbts-na-polonia/#respond Tue, 04 Aug 2020 00:31:46 +0000 https://todasasletras.blogfolha.uol.com.br/files/2020/08/a2-300x215.jpg https://todasasletras.blogfolha.uol.com.br/?p=176

A Polônia não tem vergonha de dizer quem tem áreas livres de LGBTs. É como se gente que não segue um padrão heteronormativo fosse um tipo de praga que pudesse ser exterminada com uso de pesticida.

O vice-ministro de ativos estatais, Janusz Kowalski, questionado se todo o país deveria ser uma “zona livre de LGBT”, respondeu que, acima de tudo, a Polônia deveria estar livre da ideologia LGBT. A lógica é sustentada, segundo ele, pela Constituição, que só reconhece como família a união entre homem cisgênero e mulher cisgênero.

O posicionamento do político vem depois de sanções financeiras que a União Europeia impôs a seis cidades polonesas que se declararam “livres de LGBTs”. Resta saber se estas medidas têm peso mesmo diante de um projeto de poder legitimado pelo voto. A Polônia reconduziu à presidência o candidato que afirmou que a “ideologia LGBT” era pior que o comunismo. Andrzej Duda recebeu a maioria dos votos por isso. Ou apesar disso.

Andrzej Duda, presidente reeleito da Polônia – Janek Skarzynski/AFP

Eliminar LGBTs de países como se elimina pragas de lavouras parece ser o passo seguinte de políticos populistas de extrema direita que martelam em seus discursos que a família tradicional está morrendo.

Pode parecer uma simples disputa de narrativas, às vezes essa retórica aparece, sei lá, numa discussão hipotética sobre se um possível homem trans pode protagonizar uma também hipotética campanha de dia dos pais de uma possível marca de cosméticos.

Não é uma teoria. É um jogo de tabuleiro imposto por extremistas, com peças graúdas,​ com o objetivo de decidir quem pode sobreviver e quem não pode, a partir de padrões de gênero, afetividade e sexualidade. E a Polônia, no voto, decidiu que LGBTs não têm o direito de existir. Ao menos por lá.


Ouça o podcast Todas as Letras:

 

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Perfil no Twitter acompanha tramitação de projetos de lei importantes a LGBTs https://todasasletras.blogfolha.uol.com.br/2020/06/02/perfil-no-twitter-acompanha-tramitacao-de-projetos-de-lei-importantes-a-lgbts/ https://todasasletras.blogfolha.uol.com.br/2020/06/02/perfil-no-twitter-acompanha-tramitacao-de-projetos-de-lei-importantes-a-lgbts/#respond Tue, 02 Jun 2020 14:04:47 +0000 https://todasasletras.blogfolha.uol.com.br/files/2020/06/mona-bot-foto.jpg https://todasasletras.blogfolha.uol.com.br/?p=127 A toque de caixa e com ajustes a serem feitos, foi colocado no ar no Twitter, no primeiro dia de junho, um robô que acompanha discussões de projetos de lei que dizem respeito ou resvalam sobre a comunidade LGBT brasileira.

O M0na Bot faz referência à gíria mona, comumente usada entre gays, mulheres trans e travestis para se referir a uma mulher heterossexual ou a um homem gay. Já bot é o diminutivo da palavra inglesa robot (robô).

Inspirado em iniciativas semelhantes, como o Bot Sentinel, o M0na foi desenvolvido em três semanas, a tempo de pegar o gancho do mês da diversidade. “Vimos que tinha carência desse tipo de serviço e corremos pra executar a proposta”, conta Caio Budel, jornalista, assessor de comunicação da deputada estadual paranaense Cristina Silvestri (Cidadania) e um dos criadores da ferramenta.

A parlamentar, embora apoiadora da causa, não tem ligação com o projeto, segundo Budel. O jornalista diz tocar a ideia com o namorado, o publicitário Pierre Míchel, e o amigo Sandro Motyl, programador. “Quisemos criar um facilitador pra que a comunidade [LGBT] se engaje nesse meio, conhecendo os projetos que estão tramitando e que atendem os nossos direitos”, argumenta.

O robô fará diariamente um pesquisa nos 27 portais dos 26 legislativos estaduais e da Câmara Distrital do DF pescando projetos pertinentes a LGBTs. Depois de uma análise feita por um ser humano a informação é postada.

No primeiro dia de funcionamento, os posts direcionavam o usuário para discussões em tramitação em estados como Amapá, Bahia, Espírito Santo, Mato Grosso, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo.

Por enquanto, Câmara Federal e Senado não farão parte da inspeção, por um atraso na finalização do mecanismo que faz a procura. Já as câmaras municipais ficaram de fora do projeto. “Mesmo sendo possível fazer essa programação, a taxa de transparência dos municípios ainda é muito baixa”, justifica Caio.

Sem a pretensão de gerar lucro, apenas como um trabalho voluntário de prestação de serviço, a iniciativa movimentou em sua divulgação perfis do Twitter com milhões de seguidores para a divulgação do robô, como o influenciador Luscas, com 6,6 milhões, e a cantora Vaslesca Popuzada, seguida por 1,1 milhões de pessoas. Até a noite desta segunda-feira, o perfil contava com pouco mais de mil seguidores.

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Fake news, condenação e divórcio: o último ano de mandato do primeiro prefeito gay do Brasil https://todasasletras.blogfolha.uol.com.br/2020/02/11/fake-news-condenacao-e-divorcio-o-ultimo-ano-de-mandato-do-primeiro-prefeito-gay-do-brasil/ https://todasasletras.blogfolha.uol.com.br/2020/02/11/fake-news-condenacao-e-divorcio-o-ultimo-ano-de-mandato-do-primeiro-prefeito-gay-do-brasil/#respond Tue, 11 Feb 2020 16:43:26 +0000 https://todasasletras.blogfolha.uol.com.br/files/2020/02/75341253_2680555765299934_1620041262956544000_o-300x215.jpg https://todasasletras.blogfolha.uol.com.br/?p=55 A entrevista com o prefeito de Lins, no interior de São Paulo, ao blog estava marcada para 11h30, por telefone. No horário combinado, liguei. Bruna, sua secretária, atendeu e me avisou que Edgar de Souza (PSDB) estava em uma emergência e não poderia falar naquele horário. 

O marido de uma das secretárias do município havia passado mal, e o prefeito foi até o hospital onde o homem estava internado. Em pouco tempo, me prometeu Bruna, Souza me atenderia. “Aqui é interior, é rapidinho mesmo”, me garantiu.

A ida ao hospital e a entrevista eram dois dos compromissos do tucano no dia. Administrar as repercussões de notícias (verdadeiras e, principalmente, falsas) sobre ele e sobre sua gestão é também uma outra tarefa de sua rotina e, assim como a ida ao hospital, acontece sem aviso prévio, basta uma mensagem no WhatsApp viralizar.

No dia 18 de janeiro, o prefeito fez um post em sua página no Facebook negando ser ele em uma conversa em áudio que circulou entre moradores da cidade sobre a instalação de radares de trânsito. Na rede social, Souza afirmou que entraria com uma ação por calúnia, injúria e difamação contra quem repassasse o conteúdo.

A publicação gerou comentários favoráveis e contrários. Mas um deles era uma ameaça. “Quero ver processar, eu ainda quebro a cara dele”, relembra Souza, que, ao ler a mensagem, respondeu que estava fazendo um boletim de ocorrência contra o usuário do perfil que o ameaçou.

Reconhecendo, mais tarde, que agiu de forma impulsiva, o político escreveu também que aguardava o homem que o ameaçou até as 18h na sede da prefeitura.”Queria que ele viesse quebrar a minha cara”, conta. “Tem uma hora que enche o saco, vai cansando. [As pessoas] acham que podem resolver intimidando. [Fazem isso] com mulher, com gay”.

O agressor não apareceu.

Uma tv local questionou o prefeito sobre o post, e sua resposta viralizou. “Se eu tivesse medo de homem, não dormia com um”, retrucou. Veja no vídeo abaixo:

Não é um segredo para os linenses a sexualidade de Souza, no segundo mandato seguido como prefeito. A internet, no entanto, desconhecia. O tucano já havia aparecido na imprensa nacional em 2017, quando se casou com um empresário da cidade, em uma festa para 300 convidados.

O matrimônio, me contou na conversa por telefone, terminou. Mas Souza vive um novo relacionamento, também de conhecimento público. E foi justamente uma paixão que o tirou do armário, no começo de sua vida pública, do primeiro para o segundo mandato como vereador. “Era uma tortura [não poder se assumir]”, relembra. Edgar de Souza é considerado o primeiro prefeito assumidamente gay a ser eleito no Brasil.

Mas, à exceção dos boletins de ocorrência registrados por difamação (15, no últimos dois anos, dos quais oito resultaram em retratação), o prefeito se preocupa mesmo com problemas bastante corriqueiros da vida política. Está parado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) um recurso de sua defesa em uma condenação por abuso de poder político.

Souza e seu vice, Carlinhos Daher, tiveram os diplomas cassados durante a campanha de 2016. Se os recursos se esgotarem, ambos podem ficar inelegíveis por oito anos. “Eu não trabalho com a possibilidade de ficar inelegível”, afirma o prefeito de Lins, que prospecta sair candidato a deputado estadual ou federal em 2022.

 

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